A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) revela dados preocupantes no Dia Mundial de Combate ao Bullying: a esmagadora maioria das crianças e jovens vítimas de cyberbullying opta por não procurar o auxílio de pais ou outros adultos de referência. O principal motivo para este silêncio reside não apenas na vergonha de serem julgados, mas sobretudo no temor de perderem o acesso aos dispositivos digitais.Num guia de sensibilização lançado esta segunda-feira, a OPP destaca que a persistência e o alcance constante do cyberbullying – que, ao contrário do bullying tradicional, não cessa fora da escola – tornam a experiência especialmente devastadora. O agressor online pode incomodar a vítima 24 horas por dia, transformando o próprio lar num local inseguro.
Segundo os psicólogos, o receio de que os pais ou cuidadores resolvam o problema confiscando-lhes o telemóvel ou tablet leva as vítimas a ocultarem as agressões. Esta falta de confiança impede que os adultos prestem o apoio necessário numa fase inicial e vital.
A Ordem apela a que os pais estabeleçam uma comunicação aberta, garantindo que a sua prioridade é o apoio incondicional e não a punição, ou o corte imediato e permanente do acesso à internet.
Recomendações Essenciais:
A OPP aconselha os pais a estarem atentos a sinais como o isolamento, a ansiedade ao receber mensagens ou a tentativa de esconder a vida digital. Em caso de suspeita, as recomendações passam por:
Garantir Apoio: Reforçar que a vítima não tem culpa e que o problema será resolvido em conjunto.
Manter Evidências: Guardar todas as provas das agressões (capturas de ecrã ou fotos das mensagens) que possam servir para denúncia.
Procurar Ajuda: Contactar a escola (diretor de turma ou psicólogo escolar) e as autoridades em casos mais graves.
Regras Claras: Estabelecer limites de utilização das tecnologias baseados na confiança mútua e não na vigilância intrusiva.