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Relatório da Glória Denuncia Vazio Legal que Deixa Elétricos de Lisboa sem Supervisão Externa. Moedas Garante Autocarros Seguros, mas Ignora Falha na Regulação.
Publicado em 24/10/2025 05:45
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O relatório preliminar do GPIAAF (Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Ferroviários) sobre o desastre no Elevador da Glória de 3 de setembro de 2025 não só revelou falhas graves de gestão na Carris, como também expôs um problema de segurança pública mais vasto: a falta de regulamentação independente para os sistemas de transporte da capital.

A principal conclusão da investigação é clara: os ascensores de Lisboa devem permanecer parados até que uma entidade especializada garanta a sua segurança, após terem sido detetadas inconformidades críticas, como o uso de um cabo não certificado e a falha nas rotinas de manutenção por parte da Carris.

Elétricos na Mesma "Zona Cinzenta"

No entanto, o GPIAAF adverte que este "vazio legal" se estende aos elétricos da Carris. O relatório aponta que estes veículos circulam nas ruas de Lisboa sem estarem sujeitos a qualquer tipo de fiscalização ou supervisão independente – as regras de segurança são definidas e controladas apenas pela própria empresa gestora. Esta situação coloca tanto os elétricos históricos como os modernos numa "zona cinzenta" regulamentar.

Reação da Câmara de Lisboa

Perante a dimensão das falhas e a ameaça à segurança levantada, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, veio a público tentar tranquilizar os lisboetas. O autarca social-democrata garantiu, esta quinta-feira, que autocarros e elétricos da Carris são seguros e que as preocupações se limitam aos ascensores, que já se encontram fora de serviço.

Curiosamente, Moedas afirmou desconhecer a informação presente no relatório que detalha a falta de enquadramento legal para a supervisão dos elétricos. O presidente da Câmara também fez questão de salientar que a investigação não atribui "nenhuma responsabilidade política" pelo acidente, focando-se em questões estritamente técnicas.

Face à situação, o GPIAAF exige que o IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) crie com urgência um quadro regulamentar que garanta a supervisão e fiscalização de todos estes transportes públicos. O Governo, por sua vez, já reconheceu a lacuna e prometeu agir para colmatá-la. O caso já levou à demissão do presidente da Carris.

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