Um investimento pioneiro e de elevado valor estratégico para o setor aeroespacial europeu está em xeque em Vila Nova de Gaia devido à controvérsia em torno do traçado da nova Linha de Alta Velocidade (TGV) Porto-Oiã.A empresa HyperMetal, especializada em fabrico aditivo de metal e detentora de um projeto de produção de componentes para motores de foguetões – único a nível europeu e financiado por verbas comunitárias – viu o seu futuro no concelho ser ensombrado pela proposta de um traçado alternativo para a ferrovia.
O cerne da questão reside no "Plano B", proposto pelo consórcio responsável pela construção, que prevê uma alteração na localização da futura estação de Gaia, desviando-a do local contratualizado (Santo Ovídio) para Vilar do Paraíso. Este desvio, que visa a construção de uma estação à superfície, aumenta significativamente o impacto na Zona Industrial de São Caetano.
De acordo com o Relatório de Conformidade Ambiental (RECAPE), este traçado alternativo prevê um total de 236 demolições, sendo que 45 delas afetam diretamente empresas. A HyperMetal está entre as entidades atingidas, o que a coloca em risco de expropriação, inviabilizando a instalação da maquinaria de alta tecnologia para o projeto espacial.
Francisco Bastos, porta-voz da associação de empresas da zona, manifestou a preocupação do tecido empresarial, sublinhando a "opacidade" do processo. As empresas exigem que o Governo, através da Infraestruturas de Portugal (IP), assuma rapidamente a decisão final, pondo termo à incerteza que ameaça a concretização de projetos estratégicos, como é o caso da HyperMetal, e a manutenção de centenas de postos de trabalho.
A comunidade empresarial lamenta que a pressão dos prazos dos fundos europeus esteja a ser utilizada para forçar uma solução que, apesar de poder simplificar a obra, acarreta custos sociais e económicos permanentes, podendo levar ao fim de um projeto espacial de vanguarda com apoio da União Europeia.