A tensão entre a Rússia e os Estados Unidos atingiu um novo pico com a decisão do Presidente Vladimir Putin de suspender unilateralmente um acordo fundamental para a não-proliferação nuclear. O decreto presidencial põe termo ao pacto que obrigava as duas potências a desativar e reciclar toneladas de plutónio de grau militar, material suficiente para a produção de milhares de ogivas atómicas.O acordo, assinado originalmente em 2000, e sucessivamente expandido, exigia que tanto Moscovo como Washington se desfizessem de 34 toneladas cada de plutónio excedente, transformando-o em combustível para centrais elétricas e garantindo, assim, que o material não pudesse regressar ao arsenal militar.
A justificação russa para a rutura é clara e contundente: a medida é uma resposta direta à "mudança radical nas circunstâncias" e às "ações inamistosas" de Washington. O Kremlin acusa os Estados Unidos de falharem no cumprimento das suas obrigações sob o acordo e de criarem uma "ameaça para a estabilidade estratégica" com a sua política externa.
Analistas internacionais veem esta suspensão como um sinal inequívoco do profundo colapso nas relações bilaterais, exacerbado pelas disputas sobre o conflito na Ucrânia, as operações na Síria e a expansão da NATO. Ao congelar o acordo de plutónio, a Rússia não só lança um aviso político, como também mantém a opção de reintegrar o material no seu potencial militar futuro, caso as tensões com o Ocidente continuem a escalar.
A decisão russa representa um revés na cooperação pós-Guerra Fria e sublinha a deterioração da arquitetura de controlo de armas global. A suspensão estará em vigor até que, segundo o Kremlin, os Estados Unidos revertam as suas políticas consideradas hostis.