A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) enfrenta um novo e grave revés. A Associação Nacional de Cuidados Continuados (ANCC) veio a público alertar para o encerramento de mais de 100 camas em diversas unidades a nível nacional, com efeito a partir de janeiro do próximo ano. Este encerramento resulta da rescisão de contratos por parte de, pelo menos, quatro instituições.O principal motivo apontado pela Associação é o crónico subfinanciamento do setor, que torna a operação destas unidades insustentável financeiramente.

Unidades Subfinanciadas

O presidente da ANCC, José Bourdain, salientou que os valores pagos pelo Estado para a prestação de cuidados não têm acompanhado o aumento dos custos operacionais. Citando dados recentes da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, o responsável afirmou que os subsídios estatais, mesmo com os ajustes deste ano, são insuficientes para cobrir as despesas reais das instituições.

"Os dados são claros: estamos a operar com prejuízo há anos. Um estudo indicou que, em 2024, o prejuízo médio por instituição rondou os 125 mil euros. Esta situação é insustentável e a rescisão de contratos é a única saída para muitas delas", afirmou José Bourdain.

Impacto e Perspetivas Futuras

A situação é particularmente preocupante, pois agrava a carência de vagas na RNCCI. A ANCC revela que, nos últimos cinco anos, mais de 400 camas já encerraram na rede.

Além do fecho iminente de vagas, a Associação manifesta preocupação sobre a viabilidade dos planos governamentais de expansão da rede. A ANCC questiona a concretização das novas camas previstas e alerta para o risco de desperdício de avultadas verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), devido a atrasos significativos nas obras e projetos.

A Associação exige uma revisão urgente dos valores de financiamento para assegurar a dignidade e a sustentabilidade das unidades que garantem cuidados essenciais a doentes em recuperação e a pessoas em situação de dependência.