O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, defendeu hoje que as residências universitárias devem acolher estudantes de diferentes contextos sociais e não apenas aqueles provenientes de meios mais desfavorecidos. Segundo o ministro, a concentração de alunos apenas de baixos rendimentos pode acelerar a degradação destes espaços.
“Podemos ter residências todas renovadas, mas daqui a cinco anos vão estar todas degradadas”, afirmou Fernando Alexandre durante a apresentação do novo modelo de ação social para o ensino superior, no Teatro Thalia, em Lisboa. O ministro acrescentou que a manutenção das residências depende tanto das instituições de ensino como dos próprios estudantes.
Fernando Alexandre revelou que propôs aos reitores, presidentes de politécnicos e associações estudantis a atribuição do mesmo valor de apoio para alojamento a todos os estudantes deslocados numa mesma cidade, permitindo-lhes escolher entre uma residência universitária ou um quarto no mercado privado. A ideia era transformar as residências em espaços de integração e sucesso académico, eliminando o estigma de que se destinam apenas a bolseiros.
Apesar da proposta, a iniciativa não foi bem recebida pelas instituições, que recearam a concorrência com o setor privado e possíveis quartos desocupados. O ministro defendeu que quartos livres seriam um sinal positivo, indicando avanços na resolução do problema da habitação para estudantes. No próximo ano, o número de camas em residências públicas aumentará em 11 mil.
Face à oposição, o Ministério decidiu manter distinções no valor das bolsas: os bolseiros continuam a concorrer para vagas nas residências e só podem pedir apoio para alojamento privado se não houver disponibilidade.
Fernando Alexandre destacou ainda que a integração social é fundamental para a qualidade dos serviços públicos, afirmando que a concentração apenas de estudantes desfavorecidos pode contribuir para a deterioração das residências.
O Ministério também anunciou alterações no regulamento das bolsas de estudo, incluindo um apoio extra anual de 1.045 euros para alunos que tenham beneficiado do escalão A do abono de família no secundário. A fórmula de cálculo das bolsas passará a considerar o custo real de estudar, a situação económica da família e se o estudante está deslocado, com a bolsa máxima prevista em 8.177 euros anuais. As novas regras deverão entrar em vigor no próximo ano letivo.
Fonte: Lusa