O Partido Socialista exigiu esta terça-feira que o ministro da Educação, Fernando Alexandre, retifique declarações consideradas “preconceituosas e discriminatórias” sobre estudantes de famílias com menores rendimentos, alertando que, caso tal não aconteça, o governante deixará de ter condições para permanecer no cargo.
Em causa estão afirmações do ministro, feitas durante a apresentação do novo modelo de ação social para o ensino superior, em Lisboa, nas quais defendeu que as residências universitárias públicas tendem a degradar-se por acolherem maioritariamente alunos oriundos de meios mais desfavorecidos. Fernando Alexandre argumentou que estas infraestruturas deveriam receber estudantes de diferentes estratos sociais, sublinhando que o estado das residências também depende do comportamento dos próprios alunos.
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, reagiu com dureza, afirmando que foi “com grande surpresa” que ouviu o ministro associar estudantes de baixos rendimentos à degradação das residências universitárias. Para o socialista, estas declarações revelam uma visão incompatível com as funções governativas, sobretudo num setor que deve promover a igualdade de oportunidades.
Segundo Eurico Brilhante Dias, esta não é a primeira vez que Fernando Alexandre profere declarações consideradas problemáticas, recordando que o ministro já havia afirmado anteriormente que o acesso ao ensino superior era um privilégio. Desta vez, frisou, trata-se de uma “declaração de fim de linha”, exigindo uma retratação clara e pública.
“O ministro da Educação tem de ser ministro para todos os portugueses. Se não reconhecer o erro grave que cometeu, não tem condições para continuar no Governo”, afirmou o líder parlamentar socialista.
Na mesma intervenção que motivou a polémica, Fernando Alexandre defendeu que as residências académicas devem ser espaços de integração, bem-estar e promoção do sucesso escolar, e não locais associados exclusivamente a alunos com menores rendimentos. O ministro revelou ainda que tentou alterar este modelo para acabar com o estigma das residências públicas como sendo apenas para bolseiros, mas recuou perante a oposição de reitores e presidentes dos institutos politécnicos, que recearam dificuldades na gestão e a possibilidade de quartos ficarem desocupados.
Apesar de reconhecer os desafios e a potencial concorrência com o setor privado, Fernando Alexandre insistiu na necessidade de repensar o conceito das residências universitárias, uma posição que acabou por gerar forte contestação política por parte do PS.
Fonte: Lusa / Imagem partido socialista