Portugal enfrenta um cenário de incerteza demográfica sem precedentes. O Instituto Nacional de Estatística (INE) tomou a decisão radical de suspender a divulgação de dados sobre a imigração relativos a 2024, assumindo que, neste momento, o Estado não consegue contabilizar com precisão o número de cidadãos estrangeiros no território nem a sua distribuição geográfica.Esta "paralisia" de informação deve-se a falhas no cruzamento de dados com a AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo). Sem números fiáveis, o país entrou num efeito dominó que afeta quase todos os indicadores de governação:
Serviços Públicos em Risco: Se não se sabe onde as pessoas vivem, é impossível planear corretamente o número de médicos, escolas ou transportes necessários por concelho.
Economia "Fictícia": Indicadores cruciais como o PIB per capita, a taxa de natalidade e a mortalidade podem estar errados, obrigando a uma revisão profunda das contas nacionais.
O "Caso Odemira": Em concelhos como Odemira ou Albufeira, os dados oficiais sugeriam que os imigrantes já eram a maioria da população, mas as autarquias contestam os números, alegando que muitos residentes já mudaram de morada sem que o sistema fosse atualizado.
O Vazio Europeu
A gravidade da situação já atravessou fronteiras. Portugal começou a aparecer com "espaços em branco" nos quadros comparativos do Eurostat, a entidade estatística da União Europeia, por manifesta incapacidade de fornecer dados atuais e fidedignos.
O problema reside, em grande parte, na forma como as autorizações de residência são registadas: o endereço inicial de um imigrante raramente corresponde ao local onde ele acaba por se fixar para trabalhar, tornando os mapas da AIMA obsoletos em pouco tempo. Enquanto o INE aguarda por novas fórmulas de cálculo, Portugal segue sem um "bilhete de identidade" demográfico atualizado.