A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) veio a público criticar a baixa taxa de execução da medida de apoio à destilação de uvas no Douro, revelando que apenas 24% dos 15 milhões de euros disponibilizados pelo Governo foram efetivamente aplicados. A medida, aprovada no final de agosto para a vindima, visava apoiar sobretudo os pequenos viticultores com 50 cêntimos por quilo.Segundo dados do Ministério, foram aprovadas cerca de 2046 candidaturas, correspondendo a um máximo de 3,6 milhões de euros. No entanto, a CNA e a sua filiada, a Avadouriense, atribuem este subaproveitamento não só às quebras de produção (estimadas entre 40% a 60%), mas também à implementação tardia da medida, que coincidiu com a vindima em curso, e a "obstáculos burocráticos" nas candidaturas.
A organização sindical aproveitou para alertar para a persistência de problemas estruturais, como a falta de capacidade de armazenamento na Região Demarcada do Douro (RDD) e a "prática inaceitável" de os produtores entregarem as suas uvas sem que o preço final esteja definido.
Perante o cenário de verba disponível não utilizada, a CNA exige que o Governo utilize o remanescente para a aquisição urgente de 15 mil pipas. Esta aquisição, alegam, permitiria valorizar o stock de vinho propriedade do Estado, libertar espaço de armazenamento na região e, simultaneamente, compensar os produtores pela recente redução do "benefício" (a quota de produção de vinho do Porto), que caiu em 15 mil pipas face a 2024.
Por fim, a CNA manifesta a sua frustração pela falta de clareza sobre o orçamento e calendário das restantes medidas do Plano do Governo para o Douro. A Confederação reitera as suas exigências de longa data: proibir a compra de uvas abaixo dos custos de produção, priorizar a aguardente regional no Vinho do Porto e reforçar a intervenção da Casa do Douro.