A CP — Comboios de Portugal e o consórcio Alstom/DST formalizaram a maior compra de material circulante de sempre, pondo fim a uma longa disputa judicial que causou um prejuízo de 191 milhões de euros em fundos europeus.O Ministério das Infraestruturas e Habitação confirmou hoje que o contrato para a aquisição de 117 novas automotoras para a CP foi assinado na passada quarta-feira com o consórcio vencedor, liderado pela Alstom. Esta transação, avaliada em 746 milhões de euros, representa a maior compra de comboios na história da transportadora nacional.
A adjudicação inicial, realizada em novembro de 2023, ficou suspensa devido a uma série de impugnações judiciais interpostas pelas concorrentes vencidas, Stadler e CAF, que se arrastaram até agosto deste ano. O Ministro Miguel Pinto Luz salientou que este atraso estava a comprometer a modernização da frota da CP e a qualidade do serviço público.
Recuperação de Atrasos e Perda de Financiamento
O Governo não só assinou o contrato base, como também deu imediatamente luz verde à CP para exercer a opção de compra de mais 36 unidades elétricas adicionais, aumentando significativamente o volume da encomenda para acelerar a renovação do parque.
Apesar do avanço, a prolongada litigância judicial teve um custo avultado: a CP perdeu cerca de 191 milhões de euros em apoio financeiro do Programa Sustentável 2030. Segundo o Ministério, este montante será agora coberto através do Orçamento do Estado ou pela alocação de novos programas de financiamento.
O fornecimento destas automotoras, que incluem 62 comboios urbanos e 55 regionais, está previsto iniciar-se apenas em 2029, de acordo com o calendário estabelecido, mantendo o financiamento do Fundo Ambiental e do PRR.
Este negócio histórico inclui ainda o compromisso de instalação de uma fábrica de comboios em Matosinhos, uma iniciativa que promete criar cerca de 300 empregos diretos e 1.500 postos de trabalho indiretos.