A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, formalizou a escolha do novo presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), optando por Luís Cabral, médico especialista em medicina de urgência e emergência e antigo Secretário Regional da Saúde dos Açores (2012-2016). O anúncio, apurado pela CNN Portugal junto de fonte do Governo, deverá ser oficializado na próxima semana, pondo fim ao período de substituição liderado por Sérgio Janeiro.
Apesar de o Ministério da Saúde esclarecer que não se tratou de uma "demissão" de Janeiro, mas sim da conclusão do concurso da CReSAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública) que validou os candidatos, a mudança está a gerar forte controvérsia no setor.
O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) reagiu de imediato, apelando ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, para que reavalie a nomeação. Em carta enviada ao chefe do Governo, o sindicato alega que a escolha de Luís Cabral "suscita muitas e legítimas preocupações" e pode representar um "retrocesso" na estabilidade e modernização do serviço.
As preocupações do STEPH baseiam-se em grande parte no trabalho de Cabral nos Açores. O sindicato aponta que as suas posições públicas e o modelo implementado na região são "contrárias à melhor evidência científica" e assentam num sistema "seis vezes mais caro" do que o utilizado no continente. O STEPH reforça a sua crítica citando um relatório do Tribunal de Contas de 2024 que descreveu o sistema de emergência médica açoriano como "frágil, demorado e pouco eficaz".
Luís Cabral, que aguarda "serenamente" o desenvolvimento do processo, é atualmente Diretor Clínico do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores. A sua nomeação acontece num momento em que se aguarda o relatório da comissão técnica independente para a refundação do INEM e a nova lei orgânica da instituição.