A meio do primeiro período letivo, a falta de professores continua a ser um flagelo no sistema de ensino português. Estima-se que mais de 100 mil alunos em todo o país permaneçam sem lecionação de pelo menos uma disciplina curricular, de acordo com dados avançados por organizações sindicais e movimentos de docentes.
O cenário é de grande preocupação, especialmente porque muitas escolas estão a realizar reuniões de avaliação intercalar, confrontando-se com o impacto da ausência de docentes no percurso escolar dos estudantes.
O movimento de professores Missão Escola Pública (MEP) e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) têm vindo a alertar para o agravamento da situação, indicando que as medidas tomadas até agora pelo Ministério da Educação (ME) falharam em colmatar a lacuna de profissionais. Segundo estas entidades, o problema reside no facto de as bolsas de recrutamento estarem esgotadas em inúmeras disciplinas, restando horários por preencher que não encontram candidatos.
Enquanto o Ministério da Educação reconhece a existência de horários em falta – estimando, na semana passada, que o número rondava os 1240 –, as associações de professores defendem que o número real de alunos afetados é significativamente superior e que a divulgação de dados incompletos ou contraditórios prejudica a imagem da escola pública.
As organizações sindicais sublinham que este é um problema estrutural, que exige uma revisão profunda do estatuto da carreira docente para atrair e reter profissionais, sob pena de a qualidade do ensino público ser seriamente comprometida.