A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) reagiu à recente aprovação do Mestrado Integrado em Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), classificando-a como uma medida benéfica para o sistema de ensino superior em saúde. A abertura do curso é vista como uma válvula de escape para a elevada saturação de alunos que atualmente afeta outras instituições de ensino de Medicina.O presidente da ANEM, Paulo Simões Peres, explicou à Lusa que as "escolas médicas estão bastante sobrecarregadas de estudantes" e não têm margem para absorver mais. Por esta razão, o novo curso na UTAD, acreditado condicionalmente pela A3ES por dois anos, representa uma oportunidade estratégica. "Pode representar uma oportunidade para, por exemplo, reduzir as vagas em alguns ciclos de estudos de medicina em Portugal, através da transferência" para a universidade de Vila Real.
Apesar de reconhecer o lado positivo da descentralização, o dirigente estudantil sublinha a importância de "garantir a qualidade formativa" em linha com os padrões já existentes. A ANEM defende o reforço do Departamento de Educação Médica na UTAD e a criação urgente de um centro de simulação de alta qualidade, uma ferramenta essencial para a formação atual que permite aos estudantes adquirir confiança antes do contacto direto com os doentes.
O curso da UTAD, que prevê a formação de 40 estudantes anualmente e resulta de uma parceria com a Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD), reconhece ainda os desafios apontados pela Ordem dos Médicos, como a escassez de médicos clínicos e professores doutorados, fatores que podem "comprometer a formação". O plano de estudos distingue-se pelo foco no ensino em pequenos grupos, baseado em casos clínicos.