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Urgências do Hospital Amadora-Sintra em Ruptura: Médicos Denunciam Insustentabilidade e Risco para a População
Publicado em 09/11/2025 13:00
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Trinta médicos da urgência geral do Hospital Amadora-Sintra (Hospital Fernando Fonseca) enviaram uma carta à Ordem dos Médicos a denunciar a "situação insustentável" do serviço, exigindo uma intervenção imediata.Segundo o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), os profissionais alertam para a falta de cumprimento dos rácios de segurança nas escalas, com equipas reduzidas e menos diferenciadas para a enorme afluência. Esta realidade, que tem sido "recorrente", leva os médicos a descrever uma situação que "ultrapassa todos os limites da segurança".

O caso mais grave relatado ocorreu no primeiro fim de semana de novembro, quando os tempos de espera ultrapassaram as 24 horas. O SMZS esclarece que, num sábado, estava escalado apenas um especialista de medicina interna durante o dia para toda a urgência de um hospital que serve mais de 500 mil pessoas, confirmando que a saída de oito médicos em julho "reduziu de forma dramática a capacidade de resposta".

O sindicato apela à intervenção urgente do Ministério da Saúde para reverter a crise.

O problema de Amadora-Sintra insere-se num contexto mais amplo de tensão e insatisfação profissional na Saúde em Portugal.

A denúncia dos médicos do Hospital Amadora-Sintra reflete uma situação de crescente pressão e precariedade que tem marcado o Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos últimos tempos. Os pontos-chave do debate sobre as condições de trabalho na saúde pública incluem:

Falta de Diálogo e Negociação: As federações sindicais médicas (como a FNAM) acusam o Governo de não dialogar e de tentar impor soluções, o que leva à escalada do conflito.

Valorização da Carreira e Salários: Uma das principais reivindicações dos médicos passa pela valorização das grelhas salariais, o regresso ao regime de 35 horas de trabalho semanal e a criação de um regime de dedicação exclusiva mais atrativo.

Crise dos Médicos Tarefeiros: Recentemente, o grupo de médicos tarefeiros (que trabalham nas urgências por prestação de serviços) ameaçou paralisar as urgências hospitalares em protesto contra o diploma do Governo que visa reduzir o valor-hora pago por estes serviços. O Bastonário da Ordem dos Médicos alertou para o "grande impacto" que uma paralisação desta classe teria no sistema.

Encerramento de Serviços: A falta de profissionais leva ao "encerramento sistemático de serviços de urgência" (especialmente ginecológicos e de obstetrícia) e obriga os utentes a percorrerem longas distâncias, confirmando o colapso da capacidade de resposta em várias unidades.

Em suma, a crise no Amadora-Sintra é um sintoma da falta de médicos especialistas no SNS e da deterioração das condições de trabalho, que, segundo os sindicatos, não conseguem fixar os profissionais, colocando em risco a qualidade e a universalidade dos cuidados.

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