O sistema de saúde e o apoio social em Portugal enfrentam uma crise crescente, com centenas de utentes idosos a permanecerem internados em hospitais muito para além da sua alta clínica, aguardando desesperadamente por uma vaga em lares ou estruturas residenciais.No final de outubro, 832 doentes ocupavam indevidamente camas hospitalares – uma situação que está a agravar o congestionamento dos serviços de urgência e a impedir a realização de internamentos programados.
O principal fator que contribui para esta situação dramática é o colapso nas respostas da Segurança Social. As admissões de utentes em estruturas residenciais (lares) através do sistema público caíram drasticamente para menos de metade desde a pandemia. De 2.175 admissões em 2021, o número desceu para apenas 923 em 2023, e as projeções para 2024 (com 697 até outubro) apontam para uma continuação desta quebra.
Esta falha sistémica está a resultar em esperas insustentáveis. Há casos extremos de doentes que aguardam há mais de quatro anos pela transferência, e lamentavelmente, muitos chegam a falecer antes de conseguirem a vaga social de que necessitam. A pressão é particularmente sentida nas grandes áreas urbanas, como Lisboa, Porto e Setúbal.
A espera excessiva não é apenas uma questão de conforto social; tem um impacto direto no funcionamento dos hospitais. Com apenas 533 vagas disponíveis a nível nacional no âmbito do programa que gere estas situações, o sistema está a ser bloqueado, forçando hospitais a manter utentes que, clinicamente, já deveriam estar em casa ou numa instituição de apoio.