Desempregados do Porto Recrutavam Consumidores Para Tráfico InternacionalA Polícia Judiciária (PJ) pôs termo às operações de um grupo criminoso que utilizava toxicodependentes vulneráveis para recolher grandes quantidades de cocaína no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. A rede, com ligações internacionais, prometia cerca de mil euros a cada indivíduo que aceitasse o arriscado papel de "mula" de aeroporto.
Quatro suspeitos foram detidos esta terça-feira, incluindo três jovens desempregados, com idades a partir dos 22 anos, residentes no Porto e Matosinhos. Estes elementos, que se dedicavam à venda de droga em bairros conotados, tinham como função paralela recrutar consumidores de cocaína e heroína para se infiltrarem na área de recolha de bagagens e levantarem malas carregadas, provenientes do Brasil.
Segundo informações recolhidas pelo Jornal de Notícias (JN), os jovens viviam entre Aldoar, no Porto, e Guifões, em Matosinhos, e não tinham emprego ou estudo, sendo os seus rendimentos provenientes do tráfico de droga. Membros de uma rede que abastecia os principais bairros do Porto, tinham a função de vender estupefacientes e, crucialmente, de recrutar os consumidores para serviços mais expostos e perigosos.
Assim, aproveitavam o contacto direto com os toxicodependentes para os convencer a aderir aos planos da organização, nomeadamente o de ir ao aeroporto recolher as malas de cocaína. Prometiam pagar cerca de mil euros a cada um por viagem e, uma vez convencidos, compravam-lhes roupa para passarem despercebidos entre os passageiros, levando-os ao aeroporto e esperando pelo seu regresso para, em seguida, entregarem as malas com cocaína ao líder da rede.
O esquema ruiu quando, em 16 de julho deste ano, quatro dos homens recrutados foram detidos em flagrante pela PJ, na posse de cem quilos de cocaína, distribuídos por quatro malas. A PJ recebeu informações que indicavam que um avião oriundo de São Paulo, no Brasil, transportava cocaína, o que levou à descoberta de quatro malas num compartimento de carga que, apesar de documentadas, não estavam declaradas.
As suspeitas sobre o seu conteúdo ficaram desfeitas quando os inspetores encontraram 25 blocos de cocaína no interior de cada uma das malas. O produto foi mantido sob vigilância até ser recolhido nos tapetes rolantes, momento em que os quatro recrutados foram apanhados a recolher a droga.
A investigação que se seguiu permitiu identificar os quatro detidos desta terça-feira. Dois ficaram em prisão preventiva e os restantes foram libertados com a obrigação de se apresentarem periodicamente às autoridades.