O Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) concluiu hoje a sua fase de discussão na especialidade no Parlamento, assegurando a aprovação final para o segundo Governo de Luís Montenegro. O Primeiro-Ministro, visivelmente satisfeito, conseguiu fazer passar a sua proposta com apenas ligeiras alterações, beneficiando da crucial abstenção do Partido Socialista (PS), que desde cedo sinalizou a viabilização do documento.Apesar da vitória governamental, o debate foi marcado por uma forte artilharia da oposição, que teceu duras críticas à visão económica do executivo:

A Esquerda Contra a "Chuva de Milhões": O PCP e o Livre criticaram a alocação de fundos, com Paulo Raimundo (PCP) a lamentar a transferência de "milhões e milhões de euros" diretamente para "grupos económicos e multinacionais". Rui Tavares (Livre) acusou o Governo de beneficiar quem "já era mais beneficiado".

Oposição de Direita Pede "Coragem": André Ventura (Chega) classificou o orçamento como um documento que "mantém os vícios" de governos anteriores, penalizando "quem trabalha". A Iniciativa Liberal, pela voz de Mariana Leitão, acusou o Governo de "falta de coragem" em avançar com reformas estruturais do Estado, reiterando que "não há milagres".

Conflito de Acusações: Enquanto o CDS, através de Paulo Núncio, atacou o PS e o Chega por alegadamente se unirem em medidas que "aumentam a despesa pública", o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, rejeitou a ideia de que o Governo tenha "desbaratado dinheiro" público. Mariana Mortágua (BE) resumiu o processo como a gestão do poder por "três partidos".

O Papel do PS e a Surpresa Final

O líder do PS, José Luís Carneiro, defendeu a "atitude responsável" do seu partido ao abster-se, declarando que o Governo "não tem desculpas para não cumprir" as promessas.

No entanto, o último dia de votações trouxe uma reviravolta: PAN e JPP mudaram a sua intenção de voto inicial, juntando-se aos partidos que votaram contra o OE2026. A justificação dada foi a falta de "abertura suficiente e diálogo" por parte do Governo nas negociações.

No final, foram aprovadas 163 propostas de alteração no global, com o PS a ser o partido da oposição que mais viu as suas propostas incorporadas no texto final.