Os principais grupos criminosos de tráfico de droga a nível mundial estão a estabelecer uma presença cada vez mais forte em Portugal, transformando o país num ponto estratégico de operação e até mesmo num refúgio para os seus elementos. A revelação, feita pelo semanário Expresso, sublinha a elevada preocupação das autoridades, que veem no aumento da atividade destes cartéis um risco crescente de tensões e conflitos no território nacional.Segundo o Expresso, praticamente todos os grandes grupos internacionais de narcotráfico têm operacionais em Portugal, desde o crime organizado da América Latina – como o poderoso PCC e o Comando Vermelho do Brasil, e o Cartel do Golfo e o Sinaloa do México – até redes do Leste da Europa, como os clãs albaneses e dos Balcãs, e o grupo NNV do Norte da Europa (Dinamarca).
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, destacou ao jornal o perigo representado, nomeadamente, pelos grupos brasileiros PCC e Comando Vermelho. Neves admitiu que a pressão policial nos países de origem tem levado um número crescente de membros a procurar abrigo em Portugal.
A atratividade do país deve-se a vários fatores: a proximidade cultural e linguística facilita a infiltração, e a sua localização geográfica como "o primeiro país a fazer fronteira do Atlântico com a América Latina" é crucial para as rotas de cocaína para a Europa.
Um dado particularmente alarmante, avançado pelo Ministério Público de São Paulo, é que Portugal já é o país europeu com a maior concentração de elementos do PCC, registando 87 membros no território. Cerca de um terço destes indivíduos está infiltrado nas prisões portuguesas, que são consideradas um ponto estratégico para o recrutamento. Apenas países vizinhos do Brasil, como Paraguai, Venezuela, Bolívia e Uruguai, ultrapassam Portugal em número de membros do PCC.
A crescente chegada de grandes carregamentos de cocaína à Europa, com lucros avultados, consolida Portugal como um destino apetecível, aumentando também os riscos associados ao branqueamento de capitais e à corrupção.