O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, confirmou a suspensão imediata e com perda total de remuneração do dermatologista Miguel Alpalhão. O afastamento surge como consequência direta das conclusões chocantes de um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), tornado público este mês.Em causa está um esquema de cirurgias adicionais destinadas, em teoria, a aliviar as longas listas de espera do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Contudo, a investigação apurou que o especialista conseguiu embolsar uma quantia superior a 700 mil euros em apenas três anos (entre 2022 e 2024) através deste mecanismo.
O ponto mais grave das descobertas é o facto de o médico ter acumulado funções de controlo e execução: o Dr. Alpalhão propôs, aprovou e codificou ele próprio as intervenções cirúrgicas em que participava, num processo que se repetiu mais de 350 vezes. Esta falha nos mecanismos internos de fiscalização permitiu que o médico gerasse uma receita extraordinária significativa fora do seu horário de trabalho regular.
O Hospital de Santa Maria agiu rapidamente após a divulgação do relatório da IGAS para desvincular o profissional, marcando uma posição firme perante o escândalo financeiro e ético que abalou a reputação do serviço de dermatologia.