A amizade histórica entre Portugal e Moçambique voltou a ser destacada esta terça-feira no Porto, onde decorreu a VI Cimeira Luso-Moçambicana. No âmbito da visita, o presidente da Câmara do Porto, Pedro Duarte, entregou ao Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, as Chaves da Cidade, o mais alto galardão municipal, como reconhecimento da ligação cultural, linguística e do potencial de desenvolvimento conjunto entre os dois países.
A cerimónia, realizada nos Paços do Concelho, contou com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e da ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Maria Manuela Lucas. Pedro Duarte sublinhou que o gesto simboliza a vontade de “revigorar o chão comum” que sustenta a amizade entre os dois povos.
O autarca destacou que os 50 anos da independência de Moçambique tornam este momento propício ao fortalecimento da cooperação, defendendo que Portugal deve consolidar a sua parceria estratégica sem paternalismos ou saudosismos e servir como porta de entrada do país africano na Europa.
Para Pedro Duarte, as relações económicas com África devem basear-se em talento, criatividade, empreendedorismo, inovação, tecnologias digitais e sustentabilidade ambiental. O presidente da Câmara alertou ainda que a lusofonia não deve limitar-se a declarações políticas, mas traduzir-se em resultados concretos para os povos ligados pela língua portuguesa.
No contexto global, marcado por tendências de isolacionismo, o autarca sublinhou a importância de defender a liberdade de comércio e a globalização, promovendo acordos económicos que abram brechas na “cortina protecionista” que se observa no mundo. “O Porto associa-se a esta vontade de construir um futuro de fraternidade e cooperação”, afirmou.
Por sua vez, Daniel Chapo agradeceu a distinção, afirmando que as Chaves da Cidade reforçam a ponte de amizade entre os povos e reconhecem a presença e contribuição dos moçambicanos no Porto. O Presidente moçambicano destacou que as prioridades do seu país passam pela consolidação da paz, estabilidade e desenvolvimento económico e social sustentável, sublinhando o potencial de acordos de geminação de cidades, como o existente entre Porto e Beira desde 1989.
Chapo valorizou ainda o acolhimento fraterno e a integração dos moçambicanos na cidade, que se tornou referência económica, social, histórica e cultural, e apelou à transformação desse potencial em benefícios concretos para os dois países.
A visita incluiu o Fórum Económico Portugal – Moçambique, realizado no Palácio da Bolsa, destinado a reforçar a cooperação económica e a promover novas oportunidades de negócio. A cimeira ficou marcada pela assinatura de cerca de duas dezenas de acordos bilaterais em áreas como finanças, reforma da administração pública, digitalização, infraestruturas e energias renováveis.
Entre os anteriores distinguidos com as Chaves da Cidade do Porto estão personalidades de destaque internacional, como o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente da Xunta da Galiza, Alfonso Rueda.
Foto: Câmara Municipal do Porto