FNAM critica "falha grave" do Ministério da Saúde e teme perda de 250 novos médicos para o privado ou estrangeiro.A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) juntou-se hoje à denúncia do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para acusar o Ministério da Saúde (MS) de uma "grave falha de planeamento" que está a comprometer o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Em causa está o atraso na abertura do concurso para a colocação de cerca de 250 médicos especialistas que concluíram a sua formação em outubro, e que, em dezembro, continuam sem serem contratados.
O prazo legal para a abertura do concurso já expirou, e a FNAM alerta que esta inércia tem "consequências diretas na segurança dos doentes e no acesso aos cuidados de saúde". Entre os profissionais parados, contam-se especialidades cruciais como a Medicina Geral e Familiar (mais de 50), Medicina Interna (mais de 30), Obstetrícia, Psiquiatria e Pediatria.
A federação sublinha que estes médicos poderiam estar, de imediato, a aliviar a sobrecarga e os longos tempos de espera em serviços de urgência e noutras áreas deficitárias do SNS. A FNAM não vê "qualquer justificação técnica ou administrativa" para o atraso, imputando a responsabilidade política à tutela da Ministra Ana Paula Martins.
O maior receio é que, perante a falta de ação do Estado, estes profissionais altamente qualificados optem por aceitar ofertas do setor privado ou emigrar, exacerbando a crise de recursos humanos que o SNS atravessa. A FNAM exige a abertura urgente do concurso, alertando que "cada dia de atraso representa médicos que o SNS perde e cuidados de saúde que deixam de ser prestados à população."