Numa deslocação marcada por um forte simbolismo emocional, o Primeiro-Ministro português aterrou na capital ucraniana para garantir que Lisboa não deixará cair o apoio político e financeiro perante a agressão russa.KIEV – Pouco depois das 8h00 da manhã, o silêncio da estação ferroviária de Kiev foi interrompido pela chegada da comitiva portuguesa. Luís Montenegro, na sua estreia oficial em solo ucraniano enquanto chefe de Governo, não levou apenas pastas diplomáticas; levou o que descreveu como o "afeto" do povo português por uma nação que resiste há quase quatro anos.

A visita ocorre num momento crítico. Apenas 48 horas após o Conselho Europeu ter dado luz verde a um pacote de 90 mil milhões de euros para Kiev, Montenegro quis estar presente para personificar esse apoio. Para o governante, esta viagem não é um anúncio de novas medidas, mas sim a confirmação de uma aliança que Portugal assumiu "desde o primeiro segundo".

Além das Armas: O Peso do Fator Humano

Em declarações aos jornalistas à chegada, Montenegro destacou que a relação entre os dois países transcende a política externa. Com dezenas de milhares de ucranianos a viver em Portugal — muitos dos quais fugiram recentemente do conflito — o Primeiro-Ministro sublinhou que existe um "sentimento de partilha com a dor ucraniana" que é transversal à sociedade portuguesa.

"A Ucrânia precisa de apoio financeiro e militar, mas também de proximidade. Portugal traz essa solidariedade direta", afirmou o líder do Executivo, preparando o terreno para o encontro de alto nível com o Presidente Volodymyr Zelensky.

Uma Agenda de Continuidade

O encontro com Zelensky servirá para passar em revista o acordo de cooperação assinado em maio de 2024. Portugal mantém-se ativo em várias frentes:

Apoio Humanitário e Social: Integração de refugiados e assistência logística.

Esforço Militar: Participação em coligações internacionais e fornecimento de equipamento.

Frente Política: Defesa intransigente da adesão da Ucrânia à União Europeia e à NATO.

A jornada de Montenegro em Kiev, embora curta, envia uma mensagem clara a Moscovo e aos aliados europeus: o apoio de Lisboa é estável, consensual e duradouro, independentemente do tempo que a guerra dure.