Os partidos da oposição têm criticado a atuação do Governo face aos incêndios florestais em Portugal, apontando falhas na prevenção, na ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil e na ausência de declaração de estado de calamidade. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai esta quarta-feira à Comissão Permanente da Assembleia da República para explicar a coordenação do combate aos incêndios, após críticas unânimes da oposição.

O debate, solicitado pelo Chega e pelo PCP, começa às 15h e terá cerca de uma hora, com intervenções de seis minutos para cada partido e encerramento do Governo com dez minutos. Antes, será lida no hemiciclo a mensagem do Presidente da República sobre o veto à lei dos estrangeiros.

A crítica à atuação do Governo inclui também a participação do primeiro-ministro na Festa do Pontal, em Quarteira, enquanto ocorriam incêndios, o que foi visto como sinal de alheamento. Montenegro defendeu-se, afirmando ter cumprido as suas responsabilidades e manifestando confiança no dispositivo de combate a incêndios, considerado o maior de sempre, embora reconheça que nem tudo correu bem.

O Governo aprovou recentemente medidas de apoio às populações afetadas e um plano florestal até 2050, com o objetivo de criar um pacto para gestão e proteção do território. Apesar disso, Chega, Bloco de Esquerda e JPP querem uma comissão de inquérito parlamentar, enquanto o PS defende uma comissão técnica independente. PSD e PS vão votar contra o inquérito do Chega, mas André Ventura promete avançar recorrendo ao direito potestativo.

Desde julho, Portugal continental tem sido atingido por grandes incêndios, sobretudo no Norte e Centro, causando quatro mortos, incluindo um bombeiro, vários feridos, destruição de casas e explorações agrícolas, e queimando cerca de 250 mil hectares, sendo 57 mil apenas no incêndio de Arganil.