A Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) abriu um processo de averiguações à ACE – Escola de Artes, no Porto, na sequência de uma denúncia recebida no início de setembro. A investigação surge após vários testemunhos divulgados nas redes sociais denunciarem alegados casos de abusos e intimidação por parte de professores daquela instituição, ao longo de vários anos.

Perante a gravidade das acusações, a direção da ACE apresentou a sua demissão na passada quinta-feira, justificando a decisão com a necessidade de garantir serenidade e proteger os valores da escola, que leciona cursos artísticos do 10.º ao 12.º ano.

Entre os nomes apontados nos relatos surge o ator António Capelo, fundador da ACE em 1990 e docente até 2022. Uma ex-aluna, Mia Filipa, atualmente educadora e em processo de transição de género, acusou publicamente o ator de abuso sexual quando tinha 16 anos. O testemunho foi tornado público pelo Bloco de Esquerda, que garantiu tratar-se de um relato consistente com outros já divulgados.

Capelo nega categoricamente todas as acusações, afirmando ser alvo de uma “cabala” e garantindo que vai recorrer à justiça para defender a sua honra. O ator apresentou, entretanto, uma queixa-crime contra uma página anónima no Instagram que tem publicado vários testemunhos.

A polémica levou à convocação de uma manifestação para esta segunda-feira, no Porto, sob o lema “O assédio não pode ficar nos bastidores”. O protesto, organizado pelos responsáveis da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto em conjunto com a página Não Tenhas Medo, está marcado para as 18h em frente à escola.