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Falta de professores marca primeira semana de aulas e gera críticas ao Governo
Publicado em 19/09/2025 07:42
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RÁDIO FESTIVAL

A escola pública arrancou o ano letivo com problemas que parecem longe de uma solução. Sindicatos, diretores e movimentos de professores apontam todos na mesma direção: a falta de docentes foi a grande dificuldade da primeira semana de aulas.

O caso mais extremo foi relatado pela Federação Nacional da Educação (FNE): uma escola no Norte tem todos os professores oficialmente colocados, mas uma turma de 5.º ano só teve aulas de Educação Física, já que os restantes docentes estão de baixa. Para a FNE, esta situação reflete não só falhas no sistema, mas também o envelhecimento da classe docente.

Segundo a Fenprof, há ainda 1.307 horários por preencher, o que representa cerca de 20 mil horas de aulas em falta, afetando 107 mil alunos. O 1.º Ciclo é o mais prejudicado: 200 turmas continuam sem professor.

O problema tem uma forte componente regional. Enquanto o Norte está mais coberto, no Sul do país as escolas continuam a não conseguir atrair docentes. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), considera que esta desigualdade cria uma “escola a duas velocidades” e defende medidas urgentes de apoio à deslocação e alojamento de professores, seguindo exemplos como os de Oeiras e Cascais, que oferecem quartos a preços acessíveis.

A situação agrava-se ainda pela falta de assistentes operacionais e técnicos especializados. Muitas escolas abriram o ano letivo sem pessoal suficiente, com obras em curso e sem os equipamentos necessários.

Outro tema polémico foi a aplicação das novas regras sobre telemóveis. Apesar de a lei proibir apenas o uso por alunos do 1.º e 2.º ciclos, algumas escolas alargaram a medida a docentes e funcionários, impedindo-os de usar os aparelhos até em contexto de trabalho.

O arranque ficou também marcado pelas declarações do ministro da Educação, Fernando Alexandre, que afirmou que os professores perdem a “aura da profissão” ao participarem em manifestações. As palavras indignaram sindicatos e movimentos cívicos de docentes, que acusam o ministro de desvalorizar a luta pela dignidade da escola pública.

 

Para os professores, os problemas acumulados – desde a falta de docentes até à ausência de condições e recursos humanos – estão a comprometer a qualidade do ensino e a criar desigualdades profundas entre regiões.

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