O adeus polémico do advogado de longa data surge dias depois de ter sido repreendido e alvo de queixa na Ordem por "conduta ofensiva" da juíza.O julgamento da Operação Marquês sofreu hoje um revés dramático e inesperado. Pedro Delille, o advogado que representava o antigo primeiro-ministro José Sócrates há vários anos no megaprocesso, formalizou a sua renúncia ao mandato.

A decisão, que atira a defesa do ex-governante para um cenário de incerteza, chega poucos dias após um episódio de elevada tensão na sala de audiências. Na última sessão (30 de outubro), Delille foi alvo de uma participação formal à Ordem dos Advogados por parte da juíza presidente do coletivo, Susana Seca.

O Estopim: A magistrada repreendeu publicamente o advogado pelo seu atraso de mais de uma hora no início da audiência e pela forma como tentou justificar a ausência. A juíza terá encerrado a discussão com um "Acabou a brincadeira! Vai responder à Ordem", considerando a conduta de Delille ofensiva dos deveres deontológicos profissionais.

A Consequência Imediata: Com a saída de Delille, José Sócrates fica desamparado na fase mais crucial do processo, onde responde a acusações de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.

O Remédio Judicial: O Tribunal Central Criminal de Lisboa agiu rapidamente para garantir que o processo não parasse. Foi imediatamente ordenada a nomeação de um advogado oficioso, que já se encontrava na sala de audiências, permitindo que a sessão agendada para hoje, com a audição de testemunhas, pudesse prosseguir.

A renúncia de Pedro Delille marca o fim de uma parceria de defesa que acompanhou Sócrates ao longo de toda a Operação Marquês, desde a fase de inquérito até ao julgamento. A grande questão que se levanta agora é se o ex-primeiro-ministro irá aceitar o defensor oficioso ou se, num movimento rápido, indicará um novo nome de peso para assumir o seu lugar no banco da defesa.