Uma rede criminosa que operava há três anos, especializada em angariar e legalizar ilegalmente milhares de imigrantes em Portugal, está a ser desmantelada pela Polícia Judiciária (PJ) na "Operação Gambérria". A investigação revelou que os preços eram diferenciados, sendo os mais altos cobrados a imigrantes oriundos do Bangladesh e do Nepal, que chegavam a desembolsar entre 15 mil a 20 mil euros por um conjunto fraudulento de documentos essenciais.Preços Elevados: O "pacote de legalização" para cidadãos do Bangladesh e Nepal, que incluía NIF, Segurança Social, contrato de trabalho, e até Cartão Europeu de Saúde, era o mais caro, justificado pela PJ pela distância, barreiras linguísticas e a dificuldade destas nacionalidades em obterem vistos.
Pagamento a Prestações: Em muitos casos, os imigrantes, aliciados para virem trabalhar, ficavam endividados e pagavam os valores extorsivos com os salários obtidos em território nacional.
Números Chocantes: A rede terá conseguido legalizar cerca de 18 mil imigrantes através de atribuições fraudulentas de NIF numa célula em Coimbra. Mais recentemente, duas funcionárias de um centro de saúde em Ovar foram detidas e suspensas por inscreverem mais de 10 mil imigrantes de forma fraudulenta no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Apreensões: A PJ já deteve 16 pessoas, constituiu 26 arguidos e apreendeu mais de um milhão de euros em dinheiro, além de congelar várias contas bancárias. O líder da rede, detido em Lisboa, possuía uma arma, coletes balísticos e equipamento informático sofisticado.
A PJ, que admite que muitos dos imigrantes aliciados já podem ter saído do país, continua a tentar quantificar o valor total angariado pela organização criminosa e o número exato de vítimas ao longo dos últimos três anos.