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PSD recusa inquérito parlamentar e acusa Ventura de explorar tragédia para ganhar palco político
Publicado em 27/08/2025 06:36
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O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, afirmou que o Governo não teme o apuramento de responsabilidades no combate aos incêndios, mas defende que essa análise deve ser feita apenas por técnicos e especialistas, e não pelo Parlamento ou pelos políticos.

Em entrevista à CNN, na véspera do debate na Assembleia da República, Soares acusou André Ventura de fazer uma “exploração política” da tragédia, recordando quando o líder do Chega “fingiu apagar um fogo que já estava extinto”. Sublinhou ainda que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “esteve sempre ao comando das operações, na coordenação política”, mesmo durante as férias na praia.

A Assembleia da República debate esta quarta-feira a situação dos incêndios, numa sessão pedida pelo Chega e pelo PCP e aprovada por todos os partidos. O debate, com duração de cerca de uma hora, contará com intervenções do Governo e de todas as bancadas parlamentares.

Enquanto Chega, Bloco de Esquerda e JPP exigem uma Comissão Parlamentar de Inquérito, o PS propõe a criação de uma Comissão Técnica Independente, argumentando que tem havido “falta de condução política” no combate aos fogos.

Hugo Soares insiste que a responsabilidade de apurar falhas cabe às autoridades competentes — PSP, GNR, PJ e Ministério Público — e não aos deputados. Para o social-democrata, qualquer investigação feita no Parlamento ficaria “enviesada pela visão partidária”.

Reconhece, no entanto, que nem tudo correu bem no verão de 2025: “Sou incapaz de dizer que não houve falhas de coordenação”. Mas garante que a estratégia da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil foi eficaz na proteção de pessoas, habitações e património. “Apesar da devastação da floresta, a estratégia resultou”, afirmou.

Soares sublinha que este ano Portugal contou com o maior dispositivo de combate a incêndios de sempre e relativiza a falha de alguns meios aéreos: “É normal que, num dispositivo de 76 aeronaves, uma ou outra avarie. Os restantes estavam a operar.”

Questionado sobre a comunicação do Governo, admite que poderia ter sido melhor, mas prefere valorizar a eficácia: “Prefiro perder no campeonato da comunicação e ganhar na coordenação política”.

Quanto às críticas pelas férias de Montenegro, reforça que o primeiro-ministro tinha direito a descansar e que interrompeu as férias a 9 de agosto. “Quis-se vender a ideia de ausência do Governo, mas Montenegro esteve sempre a coordenar. O dever do Governo é governar, não andar a distribuir abraços para as câmaras”, concluiu.

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