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A Crónica de uma Saída Anunciada Ryanair Desiste dos Açores
Publicado em 21/11/2025 09:00
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A Ryanair, gigante do transporte aéreo de baixo custo, anunciou a saída total dos Açores a partir de 29 de março de 2026. A decisão, que implica o cancelamento de seis rotas e a perda anual estimada de 400 mil passageiros para as ilhas de São Miguel e Terceira, atira a responsabilidade para a ANA – Aeroportos de Portugal e a inação do Governo português.A companhia aérea irlandesa não poupa nas críticas, apontando o dedo ao que designa como a política de "lucros monopolistas" da ANA (detida pelo grupo francês Vinci), que tem vindo a aumentar as taxas aeroportuárias. A Ryanair sublinha que esta postura contraria a tendência europeia de redução de custos para estimular o tráfego aéreo, especialmente em regiões remotas.

O "Contraciclo" Português

O comunicado da Ryanair detalha as medidas governamentais que, alegadamente, tornam Portugal menos competitivo:

Aumento das taxas de navegação aérea em +120% desde a pandemia.

Introdução de uma taxa de viagem de dois euros.

A companhia argumenta que esta política, aliada à falta de concorrência que permite à ANA "aumentar as taxas sem qualquer penalização", penaliza o turismo e o emprego, exigindo uma intervenção do Governo para que os aeroportos nacionais sirvam os interesses do "povo português e não um monopólio aeroportuário francês".

O Enigma da "Pressão Negocial"

Apesar do anúncio formal, o presidente da Visit Azores, Luís Capdeville Botelho, veio a público relativizar a decisão, sugerindo que o comunicado da Ryanair é uma "forma de pressão negocial" dentro das conversações em curso com a ANA e o Governo. Esta perspetiva insinua que a saída não é um processo "completamente fechado", embora o impacto do anúncio no mercado e na imagem da região seja imediato.

Com a perda de ligações diretas de baixo custo para cidades cruciais como Londres, Bruxelas, Lisboa e Porto, a decisão da Ryanair coloca o Governo Regional e o Executivo central sob pressão para garantir a substituição da capacidade perdida e mitigar o potencial retrocesso para a mobilidade e a economia açoriana.

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